Eita. Nos embalos de "fazer arte ou fazer conteúdo” - a minha newsletter mais lida até hoje - trago mais um dilema da nossa coletânea. Likes, seguidores, engajamento, quantas chancelas digitais precisamos para nos sentirmos artistas de verdade? Estamos na internet para mostrar nosso trabalho pro mundo com liberdade ou criamos o que garante mais abraços de dopamina em forma de reacts? Onde habita e do que se alimenta minha artista serena, confiante de que fazer o seu trabalho é o que importa de verdade?
Ela ainda mora bem aqui, disso tenho certeza, mas não posso negar que nem sempre o waze está calibrado para encontrar seu endereço rapidinho. Nos dias que eu penso: meu deus o que eu vou postar hoje? É quando minha cabeça buga e rebate: meu deus por que postar para mostrar o que faço se tornou algo tão complexo assim? Tudo que eu estou criando e produzindo aqui do outro lado já não conta? Alguma coisa de errada não está certa. E a vertigem chegou quando os artistas começaram a se transformar - também - em produtores de conteúdo. Nos tornamos filmmakers, atores, dançarinos, roteiristas e até humoristas como se apenas fazer a nossa arte não bastasse. E não basta mesmo: a internet quer sempre mais e nunca seremos artistas o suficientes perto do @ ao lado.
Você é uma artista pelo simples fato de estar fazendo a sua arte todos os dias, em seus pequenos (ou grandes) passos, mesmo que o seu feed não esteja vendo nada. Pode apostar. E não somos mais porque um vídeo viraliza ou porque o algoritimo trabalha a nosso favor nos primeiros 30 minutos de um post e ele é entregue para todas as pessoas que desejávamos. Somos o que somos simplesmente porque estamos no corre pelo nosso sonho todos os dias, pra além de um reels de 45 segundos. E aí, pelo caminho vamos lidando com o dilema das redes (que não atoa é nome de filme documental) e com a pilha de bloqueios que fomos acumulando na gaveta do nosso atelier desde que fazer arte e mostrar espontaneamente parou de funcionar.
É necessário estratégia. Agora vulnerabilidade. Agora um quê de mistério. Agora humor. Agora choro. Agora risos. Agora tudo isso junto. UFA.
Acho que todas nós já percebemos que nos render aos formatos pré-estabelecidos não é o que garante que venderemos a nossa arte lá no final. Há tantos artistas possíveis nesse instante produzindo em seus ateliers. O que preenche a nossa alma como café e pão de queijo as quatro horas da tarde e autoriza a nossa criança livre a criar sem culpa e auto boicotes? Taí o que nos deixa mais artistas. Hoje me sinto “artistona” quando não abro mão da liberdade de poder criar exatamente o que minha alma pede. E pelo caminho vou narrando no meu formato - e ritmo - possíveis. Mais do que os seguidores novos que chegam, celebro os que ficaram comigo há tantos anos, esses sim, foram os que me trouxeram até aqui: seguidores-raiz.
Talvez seja o momento de olhar pra tudo que é raiz e celebrar.
Falando em raiz, a nova fachada da loja floresceeeeeeuuuu:
Hoje, sexta, e sábado tá rolando o eventinho de vernissage pra finalmente abrir a série Mon Jardin na Brava e estrear a nossa fachada nova! Meu sonho era que a máquina de teletransporte já existisse pra você vir tomar um café comigo! Gravei o processo de pintura que durou dois domingos e compilei em um reels de 50 segundos: ESSE AQUI! E não é que o danado bombou e me pegou de surpresa??? Na próxima fatia da news vou contar o que faço depois que percebo que acertei num conteúdo quando eu estava contemplando minha artista livremente, o match perfeito.
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Últimos lançamentos: Xícaras de Porcelana e Cadernos A5 e A4!