autenticidade
uhum, você não é todo mundo
Sigo criando desde os meus 17 anos quando entrei na faculdade de moda. As vezes perco a conta dos anos colecionados, mas nunca perdi o porquê. A arte me acompanha como uma amiga íntima. Mudamos juntas incontáveis vezes. Em silêncio, em cores, em modos de fazer. Ela me ensina, dia após dia, que a verdadeira identidade não nasce pronta - mas se revela aos poucos - como quem sussurra segredos no meio de uma quarta-feira. Gosto de pensar que a autenticidade não é algo que se alcança. É um fio. Uma linha que a gente aprende a seguir com os dedos, escuta, coração. Às vezes embaraça [arrisca a quase sumir] mas sempre reaparece quando escolho me escutar.
Olho pra minha jornada como criadora e encarno uma colecionadora de descobertas, de cansaço, de encantamento. Relembro fases em que desencontrei de mim mesma e, em seguida, me encontrei de novo. Ao olhar pra trás, percebo que o que me sustentou nesse caminho não foi um plano genial nem uma certeza absoluta. Foi a escolha quase sempre silenciosa de continuar criando com verdade. De fazer da arte não só um ofício mas um modo de estar no mundo — sensível, aberto, imperfeito e inteiro. A tal autenticidade, palavra bonita de dizer em voz alta, é antes de tudo uma prática invisível.
Não nasci sabendo o que queria comunicar. Só entendi que a arte seria uma ferramenta de expressão [talvez minha única saída]. Uma porta de saída para fora e para dentro. Sobrevivência. Um tipo de urgência por fluir transbordando mesmo sem entender onde me levaria. Com o tempo, aprendi que não existe uma linha reta entre o sentir e o criar. O que se impõe é um território em constante transformação, onde a intuição desenha caminhos antes mesmo que a razão compreenda. Muitas vezes eu criava porque era a única forma de me entender - a constância foi me moldando como artista. E é nesse processo que a autenticidade começa a tomar forma.
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